segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pseudônimos - A Carta

“Se escrevo essa carta é por puro capricho, porque sei que nunca vou entregá-la. Apenas o fato dela existir talvez dê ao destino uma ferramenta para fazê-la entender mais facilmente a razão de meus irracionais sentimentos. Talvez a rasgue, talvez queime, mas acho que vou guardar em alguma gaveta, para, quem sabe um dia, ela seja levada pelo vento, e, obstinadamente, caia em suas mãos.
Amo-te. Simples e complexo assim. Não há nada que demonstre de forma tão clara... Mas não digo! Claro que não! Talvez deveria, talvez se disser você caia em meus braços...
Mas não, não cairá. Não... As mãos que seguram a sua... NÃO! Pensar nisso é como se houvesse uma pedra dentro do meu estômago. Ciúmes, o sinal mais sensível e selvagem de que há amor.
Mas não há amor, não pode haver. Ter você é um sonho, e sonhos acabam quando abrimos os olhos. Até meus amigos temo perder, mas perder um sonho é perder parte da alma.
Exaltaria sua beleza, se conseguisse pensar em você sem sentir o coração pesar. Tocar seu rosto e não poder te prender em um abraço é como forçar o coração por um caminho tortuoso e incerto, sabendo que ele não voltará inteiro.
Sua voz, seu sorriso, seu corpo, e a ilusão de ser feliz, de que o mundo ainda tem lugar para viver sorrindo!
Mas não foi seu rosto, nem seu cheiro, tampouco sua voz que me arrebatou.
Se você fosse um pouco mais insensível... Se quando falasse comigo não demonstrasse tanto interesse... Se quando sorria pra mim, não sorrisse tão sincera... Te amei pela sua alma, pelo que vi atrás dos seus olhos.
É bobeira, eu sei, zombe a vontade de mim... Sou jovem, tolo.
Se eu nunca disse que te amava, não é porque esse amor fosse menor que qualquer outro amor que embala os sonhos dos amantes. Nunca disse que te amava, porque sempre soube que nunca lhe faria feliz. Grave essas palavras, pois estas ainda lhe direi, nem que em meu leito de morte, pois rogo aos céus que me levem antes de razão de ainda permanecer aqui. Razão da minha vida, eu diria, se não me parecesse tão fora do meu tempo como todo o resto me parece. O dia que esse mundo deixar de ser sua casa, também deixará de ser a minha.”

Tomas Antônio Ferreira





Bom, aí está o último trecho do “Pseudônimos” que vai existir nesse blog, e quem sabe onde mais... Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A perspicaz coincidência dos poetas, é claro, mas ainda assim, coincidência...

Algumas vezes eu acho que esse Tomas escreve de dentro da minha mente. Maluco, eu diria, completamente maluco.

5 comentários:

Karool :D disse...

aain ameei *---* mto lindo e triste tbm ;/

rsrs


beeijo;*

Livia disse...

É lindo Sim ...Muito Lindo


Triste? Sim...mas Sincero

Ficção ou naum...essa historia poderia ter um final feliz ... Mas Essa pessoa para quem a carta é destinada com certeza gostaria de recebe-la ...

Anônimo disse...

kkk... eh muito lindo sim... mas o livro já acabou??? =/

concordo com a Livia... "Essa pessoa para quem a carta é destinada com certeza gostaria de recebe-la ..."

Naakey disse...

Descordo. Nunca é certo o que as pessoas almejam, né? Pode parecer uma coisa, mas ser outra. Por isso a vida é cheia de riscos, cheia de desafios.
Mas digo que, melhor fazer e se arrepender do que não fazer e pensar no que poderia ter acontecido caso fizesse. Entregar a carta é a melhor opção. Sair perdendo é que ele não vai, já que pelas palavras dele, já está perdido.

Beijos =)

Manoel Ortega disse...

DEscorda, eah??

Bom, longe de mim querer defender o ponto de vista de um total desconhecido, mas se perder talvez seja a única forma de se encontrar... Ou talvez não, mas a vida não é assim tão simples, ou é?

Pelo jeito, acho que não interessa muito que opinião e quais motivos, mas no fim, talvez o melhor mesmo é que a carta seja entregue!

Haaa, se fosse fácil convencer pobre autor...